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Você conhece o mito da constelação de Áries? Essa narrativa foi eternizada no céu e inspira a energia desse signo. Mas, afinal de contas, que processo é esse de eternizar no céu um personagem mitológico em uma constelação?

A esse processo a gente chama de catasterismo, que é transformar em Aster, ou estrela, um ser divino, um grande herói, um simples mortal e até mesmo um objeto inanimado. Assim, essas figuras e imagens mitológicas ficam eternizadas no céu, no firmamento, em um corpo celeste, uma estrela e uma constelação.

Então, hoje vamos entender essa narrativa mitológica que conta como o Carneiro de Áries ascendeu aos céus.

Assista também ao vídeo: Você conhece o mito de Áries?

Uma narrativa do mito de Áries: a coragem do carneiro

Uma das histórias do mito de Áries começa com o rei de Tebas, Átamas. Ele se casou com Néfele e teve dois filhos, Frixo e Hele. Mas se separou, repudiou a esposa e acabou casando de novo com Ino. Com Ino, teve dois filhos. Mas Ino, muito preocupada se os seus filhos ascenderiam ao trono, decidiu que precisava eliminar os filhos do primeiro casamento do rei e bolou um plano para isso acontecer.

Ela pediu e convenceu as mulheres da região que torrassem os grãos de trigo para que, quando fossem plantados, não brotassem. Isso gerou uma grande fome, e o rei de Tebas, com a intenção de resolver esse problema, mandou um mensageiro até o Oráculo de Delfos para ver o que o oráculo dizia sobre essa situação e como resolver. Mas Ino tinha subornado os mensageiros, que então trouxeram uma mensagem falsa do Oráculo, dizendo que a única maneira de resolver essa situação seria sacrificando os seus filhos, Frixo e Hele.

O rei, convencido de que essa era a única maneira de resolver a questão da fome, já estava lá levando seus filhos para serem sacrificados quando então a mãe dos dois, Néfele, envia o carneiro voador de lã de ouro para salvá-los. Esse é um carneiro inteligente, que as pessoas diziam que até falava. E ele vai lá, então, e resgata Frixo e Hele e inicia uma longa jornada para levar os dois irmãos até a Cólquida, uma viagem da Europa para a Ásia.

A constelação do carneiro de ouro

Nessa viagem, tem um momento em que Hele fica um pouco enjoada com toda a viagem, e ela acaba caindo do carneiro. Quando ela cai, o irmão tenta salvar, mas em vão. Ele não consegue, e então o lugar onde ela cai fica conhecido como o mar de Hele.

Seguindo a viagem, o Carneiro de Ouro consegue deixar Frixo na Cólquida. Lá, Frixo é muito bem recebido pelo rei Eetes, que inclusive dá sua filha em casamento e, em agradecimento àquela boa recepção e também de alguma forma para homenagear o carneiro, ele sacrifica o carneiro.

Nesse momento, então, o carneiro ascende aos céus como a constelação do Carneiro de Áries. O velocino de ouro, que era a pele de ouro desse carneiro, é dada ao rei Eetes, e o rei então consagra o Velo de Ouro no Campo de Marte, deixando esse velo para ser protegido por um dragão.

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Outra narrativa do mito de Áries: a saga do herói

Então, nessa narrativa, a gente já observa a coragem e bravura do carneiro que salva os irmãos Frixo e Hele de um sacrifício e embarca numa viagem que é uma grande jornada da Europa até a Ásia. Ele consegue levar Frixo de forma segura até a Cólquida, mas Hele acaba se perdendo no caminho.

Mas tem outra história do mito de Áries, com uma versão dessa narrativa em que Poseidon, o deus do mar, salva Hele. E temos ainda uma outra narrativa, que é muito associada à energia ariana e tem muita conexão com esse Velo de Ouro, que é o grande objeto de desejo dos argonautas, uma jornada realizada por Jasão.

Essa segunda narrativa se dá em Iolco. Lá, havia um rei chamado Éson, e esse rei foi destronado pelo seu irmão Pélias. Quando aconteceu esse movimento, o oráculo disse que Pélias seria destronado por um filho de Éson. Então, quando o filho de Éson, Jasão, nasce, o pai finge que a criança estava doente e que tinha morrido, justamente para o filho não ser perseguido pelo rei.

O aprendizado do herói

Éson envia o filho Jasão para a escola dos gregos, especialmente para a escola dos heróis. Lá, Jasão passa por um treinamento com Quíron, que era o grande professor e orientador dos heróis. Depois de completar 20 anos, Jasão sai da escola e vai até o Oráculo para entender quais são os próximos passos. O oráculo diz que ele deve voltar a Iolco, vestindo uma pele de leopardo, segurando uma lança em cada uma das mãos e com apenas uma sandália.

Ele volta para Iolco e fica cinco dias com o pai, até no sexto dia finalmente se apresentar ao tio Pélias e exigir o trono de volta, já que ele é o verdadeiro herdeiro. Mas Pélias percebe que o povo criou uma simpatia com Jasão, tanto por sua boa aparência quanto pela tal pele de leopardo que ele estava vestindo, e resolve fingir que ele sim daria de bom grado o trono para o sobrinho, desde que ele cumprisse com uma tarefa.

E que tarefa era essa? Justamente trazer da Cólquida o Velo de Ouro, essa lã do carneiro que ficou lá consagrada ao Campo de Marte. Se ele conseguisse trazer o Velo de Ouro, aí sim ele devolveria o trono.

A expedição de heróis

Mas a verdade, claro, é que o tio manda o sobrinho para uma jornada para a qual ele acredita que o sobrinho não voltará vivo. Mas Jasão, como um herói que recebe treinamento de Quíron, obviamente aceita a tarefa e aproveita para se encher de glórias com tudo isso. Ele anuncia a sua expedição por toda a Grécia e convoca os melhores heróis para ir com ele. Inclusive Hércules, o grande herói grego, vai junto nessa história.

Aí, nessa expedição, ele pede para Argos, o filho de Frixo, construir a nau para eles fazerem a expedição. Por isso, a nau recebe o nome de Argos, em sua homenagem, e depois os tripulantes ali são chamados de argonautas. E eles partem nessa aventura da Europa até a Ásia.

As quatro tarefas para a conquista

Jasão chega na Cólquida, fala com o rei Eetes e conta a que veio, que é buscar o Velo de Ouro. E o rei também, para se livrar daquela história toda, fala algo como “ok, ok, vou dar o velo para você, desde que você cumpra quatro tarefas”.

A primeira tarefa era subjulgar dois touros que lançavam chamas e fogo pelas narinas e tinham patas e chifres de bronze, atrelando esses touros a um arado de diamante. A segunda tarefa seria arar a terra e plantar dentes de dragão. A terceira tarefa era que, destes dentes de dragão, nasceriam gigantes, e ele precisaria matar todos esses gigantes. E, finalmente, precisaria matar o dragão que cuidava do Velo de Ouro no campo consagrado a Marte. Tudo isso em um único dia.

Então, já deu para ver o quão impossível eram essas tarefas, né?

A fé no impossível

Mais uma vez, aparece alguém propondo uma tarefa para Jasão com o intuito de que ele não volte vivo da aventura. Mas não contavam com o amor de Medeia. Uma das versões dessa história é que Minerva estimula ou de alguma forma conecta Medeia com Jasão, fazendo ela se apaixonar loucamente por ele. E com isso, então, ela faz ele prometer que vai se casar com ela e levar ela para a Grécia. E assim, ela vai ajudar ele a conquistar o Velo de Ouro.

Desse modo, ela dá para ele algumas ferramentas mágicas e, com isso, ele consegue amansar os touros e arar a terra, plantando os dentes de dragão. E quando os gigantes nascem, ele lança uma pedra em meio a eles, que entram em conflito, culpando uns aos outros e se matando entre si. Finalmente, ele recebe da Medeia uma poção para adormecer o dragão. É aí que ele então enfia sua lança, matando o grande monstro e conseguindo pegar tão buscado Velo de Ouro.

Enfrentando monstros e dragões

Algumas versões até dizem que mesmo assim, cumprindo todas as tarefas, o rei Eetes não queria dar o velo para ele. Mas o importante é que ele conquista esse velo. E aí ele retorna para Iolco, a sua terra, e leva consigo Medeia, agora sua esposa.

Essa narrativa de Jasão também está atrelada ao Carneiro do Velo de Ouro e ao mito de Áries e nos inspira em sua jornada heroica com suas aventuras, com suas lutas e enfrentamento dos monstros e dragões, mostrando sua coragem e bravura.

Então, quando esse Carneiro ascende aos céus como a constelação de Áries, essas aventuras ficam eternizadas. É quando somos lembrados da coragem e determinação contidas nessas histórias da antiguidade sobre heróis, que continuam nos inspirando até os dias de hoje.

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