Você conhece o significado do signo de Capricórnio? Neste artigo, vamos visitar o mito da cabra Amalteia, uma das histórias que inspiram o simbolismo desse signo. Ao compreendermos suas raízes mitológicas, conseguimos entender melhor a essência de Capricórnio — um signo ligado à realização, à responsabilidade e à conquista por meio do tempo, do esforço e da persistência.
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O mito da cabra que virou constelação
Afinal de contas, que processo é esse de transformar um personagem mitológico em uma constelação? A esse processo a gente chama de catasterismo, que é transformar em Aster – ou estrela – um grande herói, um ser divino, um simples mortal e até mesmo um objeto inanimado. E, dessa forma, essas imagens míticas ficam eternizadas no céu, no firmamento, em um corpo celeste, em uma constelação.
Então, hoje eu quero contar para vocês a narrativa mitológica que explica como a cabra-peixe ascendeu aos céus e se tornou a constelação de Capricórnio. Essa narrativa começa com Urano. Urano era o céu todo estrelado, que todas as noites cobria Gaia, a Terra. Eles viviam então noites de núpcias, noites de amor, noites muito férteis, que foram gerando muitos filhos. Mas Urano, que era um grande idealista, achava que esses filhos não correspondiam aos seus ideais. Ele os via como monstruosidades, e os empurrava de volta para dentro do útero de Gaia.
Mas um dia, Gaia, cansada de não poder ter seus filhos, convoca os filhos dentro do seu útero e diz que precisa romper com essa relação com Urano. Um de seus filhos, o mais novo – Saturno – resolve abraçar a causa e recebe então uma foice para castrar Urano assim que ele se deitasse sobre Gaia. E é isso que acontece. Saturno castra Urano. Dessa castração, nascem outros deuses, mas isso é papo para outro dia.
Saturno entra na história
Da castração de Urano, Saturno se torna um novo regente. Ele passa a ser ali o deus dos deuses. Mas se torna um tirano, tanto quanto – ou pior – que o seu pai. Isso porque ele manda seus irmãos para o Tártaro, que era uma espécie de inferno para os gregos e romanos. Só que ele também recebe uma profecia de Gaia e Urano dizendo que o mesmo destino lhe aguardava: um de seus filhos também tomaria seu trono.
Por isso, ele se casa com Réia, sua irmã, e tem filhos com ela. Mas, ao em vez de deixar os filhos nascerem e viverem, ele os devora. Réia, em algum momento, muito entristecida, se esconde para ter um último filho: Júpiter. Ela o tem escondido. E, quando Saturno vem atrás dela para devorar esse último filho, ela entrega a ele uma pedra envolta em um pano, como se fosse o bebê. Saturno devora a pedra sem perceber que não era seu filho.
Júpiter, então, está escondido em uma caverna, onde é cuidado por uma ninfa peixe-cabra, a cabra Amalteia. Ela se torna a ama de leite de Júpiter, cuida e cria o pequeno deus.
A cabra Amalteia
Dizem algumas histórias que, um dia, Júpiter, brincando com a cabra Amalteia, quebra um de seus chifres. Para compensá-la, ele dá a ela o poder de fazer com que esse chifre esteja sempre cheio de frutos e delícias. Isso se torna um símbolo de fertilidade. Outras narrativas contam que ele pegou emprestado esse chifre para criar o símbolo da cornucópia, o chifre que está sempre cheio de alimentos.
Amalteia é essa figura que cuida e cria Júpiter. Quando ele atinge idade suficiente para enfrentar o pai, com a ajuda de Métis – deusa da sabedoria – ele prepara uma poção que faz Saturno vomitar seus filhos, irmãos de Júpiter.
Júpiter convoca os irmãos e inicia uma grande guerra: a Guerra dos Titãs. Nessa guerra, os deuses que viriam a ser os olímpicos enfrentam os antigos deuses, os titãs. Depois de muito tempo de luta, Júpiter vence e se torna o deus dos deuses, o rei do Olimpo, deus dos deuses e dos homens. Nesse momento, ele agradece à cabra Amalteia por ter cuidado dele e a coloca no céu como a constelação de Capricórnio.
A simbologia de Capricórnio
Essa narrativa nos inspira a pensar a energia do signo de Capricórnio. A primeira coisa que chama atenção é a grande responsabilidade que Amalteia recebe. Afinal, ela cuida de um bebê que é um deus, e que carrega a promessa de, ao crescer, romper com o pai e mudar todas as regras do jogo. Olha a grande responsabilidade que ela assume! Isso representa muito da energia de Capricórnio: comprometimento, disciplina, responsabilidade; cumprir a tarefa que lhe foi proposta.
Mas também vem um lado mais amoroso e cuidadoso, que muitas vezes não é associado a Capricórnio. É importante lembrar que Capricórnio é uma cabra com cauda de peixe. Essa cauda simboliza sensibilidade, intuição e cuidado, uma dimensão mais emocional e empática em relação ao outro.
Talvez esse seja um dos aspectos mais bonitos da narrativa, revelar o lado sensível e protetor de Capricórnio. Capricórnio é regido por Saturno. E, como vimos, Saturno aparece aqui como esse deus que devora os filhos, que destrói. É o deus do tempo, o que tudo consome. Mas esse não é o único lado de Saturno. Saturno também foi um deus muito cultuado pelos greco-romanos como deus da fertilidade. Ele regia a chamada “Era de Ouro”, uma época em que os homens viviam na Terra como deuses, sem precisar trabalhar, pois a terra oferecia tudo.
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O lado próspero de Saturno
Saturno presidia essa era de harmonia com as leis naturais.Era associado à fertilidade da terra, simbolizada pela cornucópia – o chifre cheio de frutos. Era celebrado nas Saturnálias, festas realizadas em dezembro, o mês de Saturno. É importante resgatar esse lado próspero, abundante e cuidador de Saturno. E, portanto, também de Capricórnio.
Ao mesmo tempo, Saturno é o deus do tempo, aquele que mostra que tudo tem um fim. A natureza frutifica e, em algum momento, morre. Ele representa o ciclo do tempo, o início e o fim. Existe algo de ambíguo nesse símbolo. Como a própria cabra-peixe: um símbolo dual. E é esse lado que, muitas vezes, fica apagado: o Saturno que cuida, protege e garante segurança. A ama de leite que nutre o grande Júpiter.