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Arcano O Diabo no tarot Rider-Waite-Smith

O Diabo no Tarot: sedução, poder e confrontos internos

O Arcano XV — O Diabo — é um dos mais controversos e provocativos do Tarot. Sua presença em uma leitura costuma despertar emoções intensas, pois toca diretamente em nossos medos, desejos, instintos e tentações. No entanto, reduzi-lo a um presságio negativo é um equívoco. O Diabo é também um convite ao autoconhecimento, à consciência das próprias sombras e à libertação de padrões limitantes.

Simbolismo e iconografia

No Tarot de Marselha, a carta mostra uma figura central híbrida, hermafrodita e alada, com elementos humanos e animais, sobre um pedestal. Duas figuras menores, acorrentadas, sugerem submissão ou cumplicidade. O visual reforça a ambiguidade do arcano: não se trata apenas de “mal”, mas da mistura de opostos, da potência criadora e destruidora que habita o inconsciente. Os detalhes — chifres, asas de morcego, olhos nos joelhos e face no abdômen — aludem à vigilância, à sensualidade e ao poder oculto. Os personagens acorrentados podem simbolizar tanto prisioneiros quanto participantes voluntários dessa dinâmica.

No Rider-Waite-Smith, a cena mantém um casal de pessoas acorrentado a um pedestal no qual o Diabo repousa. As correntes, largas e frouxas, podem indicar que a prisão é mais psicológica do que física (simbolizando vícios, medos e crenças que nos mantêm presos). A expressão da figura central e a inversão da bênção papal lembram que esse é o oposto do Sumo Sacerdote (Arcano V), indicando uma distorção do sagrado em busca de poder e prazer.

Significados principais

Palavras-chave: tentação, materialismo, poder, sedução, dependência, sombra, ilusão, energia instintiva.

Aspectos positivos:
  • Tomada de consciência sobre aprisionamentos internos.
  • Reconhecimento e integração da própria sombra.
  • Potência criativa, magnetismo e poder de atração.
  • Capacidade de enfrentar e dominar instintos.
Aspectos de alerta:
  • Vícios, compulsões e comportamentos autodestrutivos.
  • Relações tóxicas e manipulação.
  • Obsessão por poder ou controle.
  • Fuga da responsabilidade pessoal.

Possíveis interpretações

No plano mental

O Diabo alerta para pensamentos obsessivos, fixações e padrões de crença que limitam o crescimento. Também pode indicar perspicácia estratégica, usada de forma ética ou não.

No plano emocional

Aponta para paixões intensas, ligações emocionais ou sexuais de forte magnetismo, mas potencialmente nocivas. Em um contexto positivo, pode simbolizar desejo, atração e prazer.

No plano físico e material

Relaciona-se a ganhos e oportunidades materiais que exigem cuidado ético. Pode indicar trabalho em ambientes competitivos ou sob pressão, ou mesmo a necessidade de cortar dependências financeiras.

Desafios e sombra

Em posição desafiadora, O Diabo evidencia:

  • Aprisionamento voluntário: a pessoa permanece em uma situação nociva por medo ou comodidade.
  • Autoengano: recusa em enxergar a realidade por completo.
  • Uso distorcido de talentos: manipulação, engano e abuso de poder.
  • Excesso de apego: dificuldade de se desapegar de bens, pessoas ou status.

O Diabo como convite ao autoconhecimento

Apesar da sua fama, o Diabo é um espelho das nossas partes reprimidas — aquilo que Jung chamava de “sombra”. Ele nos convida a reconhecer esses aspectos, pois ignorá-los os torna mais perigosos. Ao olhar para nossas motivações ocultas, podemos transformar energia destrutiva em força criativa.

Exemplos de relação com outros arcanos
  • Com O Hierofante (V): enquanto o Hierofante é a autoridade espiritual, o Diabo é a autoridade corrompida.
  • Com A Torre (XVI): o Diabo pode mostrar o aprisionamento, enquanto a Torre traz a libertação — muitas vezes abrupta — dessa prisão.
  • Com A Força (VIII): ambas lidam com instintos, mas enquanto a Força doma e integra, o Diabo pode deixar-se dominar ou manipular.

Aspectos espirituais

O Diabo representa provas espirituais, ilusões do ego e armadilhas do caminho. Ele é o arquétipo do tentador, que testa a firmeza da nossa fé e integridade. Espiritualmente, pode simbolizar a “noite escura da alma”, período em que enfrentamos dúvidas, medos e tentações para emergir mais conscientes.

História e origens do símbolo

A imagem do Diabo no Tarot deriva de várias tradições: o “Baphomet” templário, figuras demoníacas medievais e divindades pagãs associadas à fertilidade e ao instinto. Na Idade Média, o cristianismo assimilou elementos dessas imagens para construir a iconografia demoníaca.

O casal acorrentado remete à ideia de servidão voluntária, encontrada em mitos, contos e obras. A hermafroditização da figura principal simboliza o domínio sobre todas as polaridades, usado para aprisionar em vez de libertar.

Perguntas para reflexão
  • Estou preso(a) a algo que posso deixar para trás?
  • Quais aspectos meus tenho medo de encarar?
  • Como uso meu poder de influência?
  • Minhas escolhas são guiadas por liberdade ou por medo?

Conclusão

O Diabo é um arcano complexo, que desafia o leitor a ir além do maniqueísmo. Ele não é apenas um símbolo de perigo ou de “mal”, mas também de potência bruta e de confronto com aquilo que preferimos ignorar. Assim, sua mensagem, no fundo, é sobre liberdade. Para conquistá-la, precisamos reconhecer as correntes que nos prendem. E admitir quando somos nós mesmos que as seguramos.

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