Plutão é um astro que foi descoberto em 1930. Ao longo dos anos houve toda uma argumentação sobre ele ser ou não um planeta. E, embora a astrologia o estude como planeta, em 2006 ele foi classificado, pela União Astronômica Internacional (UAI), como planeta anão. Esta nomenclatura define uma nova classe de corpos celestes no sistema solar, diferente da definição de planeta ou de planeta/corpo menor.
Mitologia
Conhecido na mitologia grega como Hades, Plutão era filho de Saturno e Reia e irmão de Júpiter e Netuno. Ele foi engolido pelo pai e, graças a uma poção mágica, Saturno o vomitou. Os irmãos fizeram uma partilha do universo, na qual Plutão ficou com o reino das trevas, também chamado de inferno. Após uma batalha contra Saturno e os Titãs, Plutão ganhou um capacete mágico que o tornava invisível. Ele reinava soberano em seu universo subterrâneo, de onde saiu para raptar Prosérpina e fazer dela sua esposa. Porém, Ceres, mãe de Prosérpina, sentiu muito a falta da filha e provocou a infertilidade da terra, que só volta a ser fértil quando Plutão permite a subida da esposa à superfície por seis meses para que ela pudesse passar este tempo na companhia da mãe.
Plutão – O redentor
Associado à casa 8, que trata do aprofundamento das grandes questões da alma, onde há uma ânsia de despertar para uma nova forma de conduzir a vida, Plutão está relacionado às transformações decorrentes dos processos de morte e renascimento ao longo da nossa jornada individual.
A potência de Plutão está além da estrutura subjetiva, trata-se de um ímpeto que é acessado em situações limite e que, até então, desconhecíamos possuir. É uma força pulsante, incontrolável, que habita o âmago do nosso ser e com a qual evitamos o contato, porque tendemos a nos acomodar nos modelos criados por nós mesmos. Ela revela-se quando se torna inevitável a desconstrução de algo que assumimos como permanente. É, portanto, na falta que Plutão se apresenta. Tem a ver com as experiências em que lidamos com a finitude, em que nos vemos obrigados a lidar com o vazio e a renúncia de algo que esteve ali presente, mas por alguma razão, motivo ou circunstância deixou de estar.
Assista: Plutão – Transformação e renascimento
Plutão e Escorpião – Poder criativo
Regente do signo de Escorpião, que também trata de emoções profundas, a ligação entre eles é comumente vista como impactante. É curioso refletirmos sobre o fato de que questionavelmente tememos o que não conhecemos e o que negamos. Portanto, ao falar destas energias, falamos de tabus, assuntos que a sociedade ao longo de sua história não considerou oportuno abordar. E, por isso, os reprimimos, por assumi-los como pecaminosos, errados, profanos.
Dentre eles podemos ressaltar o sexo, a sexualidade e a morte. Mais curioso ainda é pensar que perante todo este conteúdo sufocado em nós, é dele que se manifesta um poder soberano e avassalador, capaz de fazer com que um pássaro renasça das cinzas.
O sedutor Escorpião, fortalecido por seu poderoso regente Plutão, utiliza toda esta energia desmaterializada e a transforma em energia criadora de tudo o que é. Não é à toa que a força sexual é a força criadora da vida.
Todas as transformações viabilizadas por regente e regido são oportunidades de purificação do que passou, de eliminar velhos padrões e revolucionar a si mesmo. São momentos em que precisamos nos desapegar dizendo adeus àquilo com que nos identificamos por um período e que, em outro, provoca em nós a urgência de inovar. Plutão e Escorpião nos ajudam a assimilar a dor como força contida nas profundezas do nosso ser, que, quando emerge, junto a ela vem a capacidade de superar toda e qualquer eventualidade. Estas forças ocultas viabilizam a metamorfose da vida, a competência de gerar, degenerar e regenerar.
Assista: Plutão, regente de Escorpião
Assista também: Escorpião – O poder da transformação
Espaço para o novo
Desapego está ligado à entrega, à compreensão de que as coisas estão para além do nosso controle. Quando Plutão chega, já não cabe mais a nós o poder de escolha. Existe uma transformação externa que precisa acontecer e, diante dessa sensação de impotência, a nós só cabe mudar a forma que olhamos para a situação em questão. Modificar o nosso olhar implica num desafiador remanejamento de nós mesmos. Afinal, entre os nossos maiores apegos estão as crenças limitantes que criamos ao longo da nossa trajetória. Somente quando há o desprendimento, quando abrimos mão do que já não nos serve, que criamos espaço para o novo. Este ato de deixar ir é um gerador de movimentos profundos e é curativo confiar no poder da renovação. Ao remexer o que há de mais complexo em nossas almas, nos harmonizamos com o fim e nos abrimos para o que está por vir.